Que venha tudo - mas reste meus amores, e meu bom humor.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Um Até Breve

   Sábado, 8 de janeiro de 2011. Receberam a notícia. Como não seria sem, choro. Eu nunca tive um parente próximo ou amigo falecido. Não posso comentar mais, seria hipocrisia. Sei que fomos ao show. Não entenda mal, era o esperado. Não digo pelos ingressos, sim pelo tchau. E se dissesse imenso respeito a mim, em semelhantes circunstâncias de idade e estado físico, iria também. Afinal, a vida não pára. A vida não dá sossego, independe de fatalidades.
   Dia seguinte, mortos de sono voltamos do Guarujá. E ressalto que rimos durante o percurso inteiro, com as histórias de nomes compostos do Isra e da Carol. Eu não comentei, mas senti alívio por vê-lo sorrindo. Acho que o ser humano é fraco ao lidar com o NÃO na vida. Um não é uma decepção, um tiro nos planos. Vivemos planejando o amanhã, listando desejos e necessidades, que, na verdade, são simples futilidades rotineiras. Sem perder o foco... Já eram 17hrs e voltamos do enterro. Meu propósito é salientar a conversa com o Isra, no momento em que passávamos pelo muro do meu condomínio - foi ali que entendemos que a vida não vai parar por você. A família voltava em carros diferentes, todos entristecidos, dirigindo manualmente, e sofrendo. E quem imaginaria? Quem se importaria? O homem do carro ao lado que ouvia Jovem Pan? A moça com o bebê no banco de trás, alucinada pela novidade? A senhora que dirigia tranquilamente, mesmo tendo em seu interior que sua hora estaria por chegar? 'Nossa' perda não influenciou em nada a vida dessas pessoas. A maioria delas sequer sabe que existimos. Como muda ao sempre os dias de um, insignifca nos de outro? É como quando em outras vezes voltamos do Guarujá. Entorpecidos de amor, conversas, risadas, reflexões e até brigas, desconfiados dos pensamentos do carro ao lado. Eu, particularmente, nunca pensei que poderia esse também ter escutado um até breve. É o ciclo da vida...
   Minha teoria é sobre a morte. Esse nome, bem assim, duro. Na minha religião a morte não existe. Sou espírita, acredito na reencarnação, na evolução do espírito. Não acredito na morte. Acredito no até breve.

Vó Helena, até breve...